martes, 22 de septiembre de 2009

Posicionamento da IECLB


João Calvino – 500 anos
O Reformador de Genebra é parte de nossa história

Introdução

A IECLB é uma igreja de confissão luterana e se alegra com essa identidade confessional. Mas ela tem também um preito de gratidão para com João Calvino, reformador de Genebra. Junto com Lutero, ele é reconhecido como um dos grandes reformadores da Igreja no século 16.

Alguns dados acerca da vida e da obra de Calvino

João Calvino nasceu em Noyon, na França, em 10 de julho de 1509. Celebram-se, pois, os 500 anos de seu nascimento. Calvino teve formação humanista, conhecendo à fundo os escritos da antiguidade, os pais da igreja, especialmente Agostinho, e os métodos da interpretação bíblica. Esta formação lhe conferiu, entre outras capacidades, uma extraordinária precisão na linguagem. Sua titulação foi na área do Direito, o que explica a importância que deu ao direito e à ordem eclesiásticos. Embora quase 26 anos mais jovem do que Lutero, foi contemporâneo dele, sem, porém, tê-lo conhecido pessoalmente. Chegou a interagir, no entanto, intensamente com o colaborador de Lutero, Felipe Melanchthon. Entre 1533 e 1534, Calvino aderiu intimamente ao movimento da Reforma iniciado por Lutero, fato que posteriormente ele viria a classificar como uma “conversão inesperada”, semelhante à de Paulo em Damasco, conversão esta que atribuiu à providência divina.

Ao longo de sua vida trabalhou, em diferentes versões, cada vez mais detalhadas, em sua obra máxima, as Institutas da Religião Cristã. Trata-se de uma súmula da fé cristã, um dos escritos teológicos mais relevantes de toda a cristandade. Inicialmente com estrutura semelhante à dos Catecismos Menor e Maior de Lutero, a primeira edição surgiu em 1536, e a última, já extremamente volumosa e transformada em tratado dogmático, em 1559. Nessa obra ele rejeita, à semelhança de Lutero, a “justiça das obras”, para apegar-se à “justiça de Cristo”, apreendida pela fé, pela qual o ser humano pecador aparece à vista de Deus como um ser humano justo.

Por essa opção Calvino teve que recorrer ao exílio, buscando refúgio em cidades-livres, como Genebra, Basiléia e Estrasburgo, que se inclinavam para a Reforma. Exortado veementemente por Farel, o qual se empenhava em introduzir a fé evangélica em Genebra, Calvino foi por ele convencido a permanecer nessa cidade, em vez de prosseguir a Estrasburgo como intencionava. Calvino atuou então em Genebra a partir de 1536, como professor e, ainda que fora autodidata teológico sem ordenação ministerial, também como pregador. Formulou as ordenanças eclesiásticas sobre a organização da igreja, entre outras prevendo uma celebração mensal (não semanal) da Santa Ceia, o canto de salmos no culto e uma rígida disciplina moral e eclesiástica. Sendo esta assunto polêmico, Calvino chegou a ser expulso da cidade, o que o obrigou a instalar-se em Estrasburgo até 1541, quando retornou a Genebra por solicitação de novos magistrados na cidade, para ali permanecer até sua morte em 1564. Aí liderou a Reforma e o processo de organização da igreja reformada e da própria sociedade genebrina. Na organização da igreja, deu participação decisiva a presbíteros e diáconos leigos, na organização da sociedade incutiu a observância de preceitos cristãos.

Sob a influência de Calvino, o culto passou a estar nitidamente centrado na pregação do Evangelho. Notáveis comentários bíblicos foram por ele escritos. A vida comunitária e a moral tinham um rígido regramento disciplinar. A dedicação do domingo ao culto e a proibição de imagens nos templos eram observados de forma consequente. A doutrina da dupla predestinação, para a salvação e a condenação, tem suscitado controvérsias até hoje, mas sua exposição por demais simplista, algumas pessoas predestinadas para a salvação, outras para a condenação, não faz jus à profundidade da teologia de Calvino, cujo interesse consistia acima de tudo em enfatizar a soberania de Deus sobre todas as pessoas e sobre o mundo, bem como a livre eleição pela graça divina.


A influência de Calvino na Igreja

A influência de Calvino se estendeu para muito além de Genebra, tendo sido decisiva no surgimento e desenvolvimento das igrejas reformadas e presbiterianas na Europa, nos Estados Unidos e, posteriormente, em todo o mundo. A comunhão das igrejas reformadas compreende hoje cerca de 75 milhões de fiéis em 214 igrejas congregacionais, presbiterianas, reformadas e unidas em 110 países. A maioria dessas igrejas assume um claro compromisso ecumênico e de responsabilidade social profética.

No Brasil, há várias igrejas presbiterianas e reformadas, sendo a maior delas a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), fundada em 1862 (data oficial 1859, com a vinda do primeiro missionário). A IECLB teve estreita parceria com a IPB no âmbito da antiga Confederação Evangélica do Brasil e intercâmbio entre suas respectivas faculdades de teologia em São Leopoldo e Campinas, até o golpe militar em 1964, quando embates teológicos e ideológicos levaram a rupturas internas naquela igreja. De outra parte, a IECLB tem mantido relações fraternas com a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), criada em 1903, com a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU), criada a princípio como federação em 1978, e com a Igreja Cristã Reformada, com as quais compartilha membresia, seja no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), no Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e no Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

A influência de Calvino na sociedade

Desde a obra clássica de Max Weber, Ética Protestante e Espírito do Capitalismo (1904-1905), o nome de Calvino tem sido associado, de forma bastante simplificada, tanto às conquistas quanto às mazelas do capitalismo. Certo é que ele defendeu um sentido de vocação no trabalho e na ação social, com grande disciplina, associada a um estilo de vida bastante regrado, e assim contribuiu para o desenvolvimento da modernidade. Combinou o zelo na obtenção de lucro com a restrição no seu usufruto para fins pessoais, favorecendo seu re-investimento na empresa. Sua visão da sociedade e de sua organização política contribuiu para o desenvolvimento da democracia.

Assim como em Lutero, nem todas as ações de Calvino podem hoje ser justificadas. O episódio mais controvertido foi o papel de Calvino na condenação de Miguel Serveto à morte na fogueira em Genebra, em 1553, por heresia, ao rejeitar a doutrina da trindade. Contudo, desqualificar a obra de Calvino à base desse episódio, por mais deplorável que seja, revelaria desconhecimento dos processos históricos mais abrangentes. Não pode haver qualquer dúvida quanto à importância da obra de Calvino em seu todo e em suas repercussões. Em obra recente acerca de Calvino, o romancista e teólogo Klaas Huizing descreve sua contribuição com os termos reformador, organizador, arquiteto da fé, advogado de Deus, disciplinador e frutificador, realçando o legado que deixou até os dias de hoje.

O legado de Calvino e a IECLB

A IECLB é devedora do legado de Calvino também num sentido histórico bem específico. Ela tem sua origem na vinda de imigrantes evangélicos alemães, suíços, austríacos e de outros países europeus. Entre eles havia não apenas luteranos, mas também reformados (calvinistas e zwinglianos) e unidos (luteranos e calvinistas). A mais antiga comunidade membro da IECLB, a de Nova Friburgo / RJ (maio de 1824), era constituída, em boa medida, de reformados. A maioria das comunidades da IECLB designa-se até hoje como “evangélica”, termo que caracteriza o centro da teologia tanto de Lutero quanto de Calvino. Se a IECLB, ao longo de sua história, se definiu mais e mais como sendo de confissão luterana, nunca o fez em antagonismo a Calvino ou à tradição reformada. Ao contrário, entende que as duas tradições se sabem irmanadas na fé em Cristo e na proclamação do evangelho da graça de Deus, pelo qual o ser humano, através da fé, é justificado. Diante dessa convicção comum no centro da fé, diferenças em outros tópicos teológicos podem ser reconciliadas como ênfases peculiares de cada uma das tradições, sem se excluírem mutuamente. Isso vale também no tocante à compreensão da Ceia, em que diálogos oficiais entre luteranos e reformados puderam remover o mal-entendido de que o calvinismo concebesse uma presença apenas simbólica de Cristo na Ceia.

A concordância básica alcançada nos diálogos referidos ficou expressa claramente, na Europa, na chamada Concórdia de Leuenberg (1973). Essa Concórdia elabora a compreensão comum do evangelho sobre a seguinte base: “A Igreja está fundamentada tão-somente sobre Jesus Cristo, o qual a congrega e a envia através da dádiva de sua salvação na proclamação e nos sacramentos. Segundo a compreensão reformatória, para a verdadeira unidade da Igreja é necessária e suficiente a concordância na reta doutrina do evangelho e na reta administração dos sacramentos.” Assim, as igrejas signatárias luteranas, reformadas, unidas, valdenses e dos irmãos moravos, se reconhecem em plena comunhão de púlpito e altar (palavra e sacramentos) e reconhecem mutuamente a ordenação de seus ministros. No Brasil, não temos tido um processo de diálogo entre luteranos e reformados com o objetivo de adesão à Concórdia de Leuenberg, mas a IECLB se sabe irmanada àquelas igrejas reformadas que compartilham dessas convicções fundamentais.

Conclusão

Nesse sentido, a IECLB se congratula com as igrejas presbiterianas e reformadas no Brasil pela passagem dos 500 anos do nascimento do Reformador João Calvino e reconhece a data comemorativa como parte significativa de sua própria história. Assim como queria o próprio Calvino, também a IECLB expressa “glória a Deus somente” (soli Deo gloria).

Porto Alegre 10 de julho de 2009.

Walter Altmann
Pastor Presidente da IECLB

lunes, 24 de agosto de 2009

Ante un nuevo aniversario de la muerte de Jan Calvino


27 de mayo: 445º aniversario de la muerte de Calvino
Leopoldo Cervantes - Ortiz, México

Ahora que está en marcha una de las celebraciones principales del Jubileo de Calvino, la fecha de su muerte, a 445 años de distancia, es una oportunidad más para acercarse a las enormes consecuencias religiosas, culturales y sociopolíticas de su siempre controversial legado. En su lecho de muerte, varias cosas podían flotar, simultáneamente, en el ambiente. Por un lado, la fuerza con que había conseguido imprimir a la ciudad de Ginebra, un sello irreversible al que aludía el falso membrete de “Roma protestante” con que se llegó a conocer a ese lugar y, por el otro, el enorme riesgo de dispersión que enfrentó la Reforma como un movimiento unitario antes de que él apareciera en el escenario. Entre la intolerancia que podía llevar a la muerte a personas inocentes y la sensibilidad para defender a seres humanos cuyas vidas no valían un centavo en sus lugares de origen. Del regionalismo tradicional rebelde a la universalidad necesaria de una fe que reclamaba nuevos derroteros. O de la espiritualidad antigua, anclada a los viejos esquemas medievales, a los desafíos ya claramente modernos que hacían su aparición en una época de notables cambios: esos y muchos otros son los extremos que tocó o atisbó en su carrera de reformador, que nunca buscó (dicho sea de paso…).

445º aniversario de la muerte de CalvinoMoviéndose entre el empeño humanista y literario, devoto de la literatura clásica sagrada y profana, Calvino no se arredró cuando tuvo que pasar de la doctrina al terreno espinoso de los hechos crudos, materiales. Se le reprocha (desde los espacio de las reformas llamadas “radicales”) participar del constantinismo de las “reformas magisteriales”, pero a veces se pasa por alto el celo con que defendió la autonomía de la iglesia en asuntos espirituales. ¿Cómo leer, entonces, sus Ordenanzas eclesiásticas (1541) sin tener en mente su lucha contra la intromisión del gobierno de la ciudad para definir quiénes podían participar en la Santa Cena? Dicen que hubo una “teocracia” en Ginebra, y puede ser que la hubiera. No obstante, allí se comenzó a sembrar la desconfianza social que desembocaría en la laicidad actual: uno de los cimientos de la modernidad democrática. Otro lugar común…

“La ciudad de Calvino”, se dice, pero, como escribiría el mismísimo Jorge Luis Borges siglos más tarde: “A diferencia de otras ciudades, Ginebra no es enfática. […] Ginebra casi no sabe que es Ginebra. Las grandes sombras de Calvino, de Rousseau, de Amiel y de Ferdinand Doler están aquí, pero nadie las recuerda al viajero. Ginebra, un poco a semejanza del Japón, se ha renovado sin perder sus ayeres” (Atlas). Acaso a su pesar, la marca de su nombre acompaña al viajero sin sentir necesariamente el peso de la lucha religiosa, de las sanciones a quien no cumplía sus deberes con la iglesia. Con todo, la huella está allí, en el cosmopolitismo que implica la atención a asuntos de tan diversa índole.

La periodista española Rosa Regàs, en un libro casi para viajeros (Ginebra. Seix-Barral, 2002), capturó muy bien la sensibilidad religiosa que Calvino supo imprimir a su ciudad adoptiva y que hoy, incluso cuando su población protestante ha disminuido, sigue presente:

"Quizás Ginebra fue calvinista antes que Calvino. Pero lo cierto es que lo sigue siendo. Tan homogénea y sólidamente calvinista, tan actual y poderosamente calvinista que se sucederán las gentes y las generaciones, y aunque cambie la ciudad una vez más de nacionalidad y pase a ser francesa y quién sabe si norteamericana o rusa o japonesa, y dejen o no los potentados de la tierra de salvaguardar sus fortunas en los bancos que se levantan sólidos, aunque no ostentosos, a la orilla del lago, y nombre el papa uno, dos o diez obispos auxiliares católicos con la presunta intención solapada de reinstaurar una diócesis que perdió en la Reforma, y lleguen ejércitos de tamiles, turcos, portugueses, africanos o brasileños que la ciudad admitirá en la medida en que el país necesite mano de obra, y aunque acaben los ginebrinos votando a favor del aborto o reconociendo algún día, también por votación, que la homosexualidad no es ninguna tara, Ginebra, católica, budista o musulmana, seguirá como hoy y como siempre, igual a sí misma, calvinista por encima y a pesar de todo, ella misma convertida en herencia viva e inamovible de su feroz reformador, herencia de organización y eficacia, ascetismo y orden, voluntad, rigidez, ahorro, diligencia, frugalidad y discreción; herencia que ha calado en las generaciones, los inmigrantes, las instituciones, las profesiones, las iglesias, las costumbres, las relaciones, las diversiones, los instintos, los sentimientos, la cotidianidad, el ocio, las calles, las comunas, los árboles, y hasta en el paisaje y el clima."


Otra historia es la infidelidad típicamente cristiana de la ciudad en relación con su presente financiero: el lugar adonde llegan las fortunas sin preguntar sobre su origen. El mexicano Juanleandro Garza ha escrito sobre ello un texto memorable.

Al morir, lejos quedaron sus controversias con Castelio, Bolsec, Servet o los aristócratas ginebrinos, que tan mala fama le crearon y que han seguido estimulando la imaginación de escritores de diversa calidad. Stefan Zweig tal vez sea quien mejor capitalizó el estigma de la intolerancia. Pero no es el único: recientemente, desde la ciudad del Lago Lemán, Nicolas Buri lo ha visto como una piedra de escándalo… Sin duda alguna. ¿Cómo no serlo en una época cuyos excesos estuvieron a punto de dar al traste con cualquier vestigio de la “fe verdadera”? El mismo Teodoro de Beza tuvo que lidiar ya con las calumnias desde aquellos tiempos.

Pero más allá de la vergüenza, aquellos/as que reivindican su manera de entender la fe y la vida, saben que pueden encontrar en su herencia una fuente que, a sabiendas, de que brotó de una persona con los mismos aciertos y fallas que cualquiera, gracias a su devoción incondicional fue capaz de entregar buenas cuentas a la hora de su muerte. Y, sin miedo al lugar común, puede decirse de él “que dejó el mundo mejor que como lo encontró”. Si fundó, continuó o consolidó una tradición teológica, eso es lo de menos, pues nunca lo buscó. Al leer sus textos, especialmente su obra magna, la Institución de la religión cristiana, Celebrar su memoria, como la de tantos otros testigos del Evangelio, es hacerle caso a las profundas palabras de Hebreos 6.10: Porque Dios no es injusto para olvidar vuestra obra y el trabajo de amor que habéis mostrado hacia su nombre, habiendo servido a los santos y sirviéndolos aún”. Es apenas un acto de justicia.

Su testamento, queda ahí, también como testimonio de una vida que buscó, incluso en sus instantes más polémicos, rendir toda la gloria a Dios:

"En nombre de Dios, yo, Juan Calvino, servidor de la Palabra de Dios en la Iglesia de Ginebra, debilitado por muchas enfermedades…, doy gracias a Dios; porque no solamente se ha compadecido de mí, su pobre criatura… y me ha soportado con todos mis pecados y debilidades, sino también porque Él, muy por encima de todo ello, me ha otorgado la gracia de poder servirle mediante mi trabajo… Declaro con la fe que Él me ha concedido que deseo vivir y morir en dicha fe, en tanto no tengo otra esperanza ni otro refugio que la elección de su Gracia, sobre la cual está fundada toda mi salvación, y que no dependo de nada más para la salvación que la libre elección que Él ha hecho de mí. De todo corazón abrazo Su misericordia, por medio de la cual todos mis pecados quedan cubiertos, por causa de Cristo, y por causa de Su muerte y padecimientos."


Publicado originalmente en Lupa Protestante

Moltmann sobre Calvino: fue malinterpretado por los capitalistas


ALEMANIA - ¿Fue un ascético aguafiestas o un comprometido padre espiritual? Como sucede con casi ningún otro teólogo, las opiniones sobre Juan Calvino (1509-1564) están muy divididas. El reformador protestante predicó sobre la gracia y la redención, a la vez que montó un régimen casi tiránico basado en la virtud. Llevó a la hoguera al intelectual español Miguel Servet por tener otro punto de vista sobre la Trinidad.

Para la iglesia y la sociedad su significado permanece indiscutido: alrededor de 80 millones de personas en todo el mundo pertenecen hoy día a las iglesias reformadas basadas en su doctrina.

Su moral del trabajo fue impulso del capitalismo y la organización de su iglesia, un modelo de democracia. El 10 de julio el reformador protestante hubiera cumplido 500 años.

El teólogo alemán Jürgen Moltmann es hoy día unos de los más importantes representantes de la teología protestante. Como cristiano, pastor y finalmente profesor, siempre volvió a estar ocupado por la figura de Juan Calvino. En la siguiente entrevista, Moltmann de 83 años de edad, explica lo que hoy haría Calvino y por qué fue tomado como testigo principal del capitalismo.



Hoy en día ¿tiene alguna importancia, si uno como cristiano protestante sigue la tradición de Calvino o la de Lutero?

No. Calvino mismo seguía la tradición de Martín Lutero. Para los protestantes de la Reforma eran más importantes sus coincidencias que sus diferencias. En el fondo tenían un objetivo común, reformar la Iglesia Católica a la que ellos mismos pertenecían.



Sin embargo hubo intensas disputas, sobre todo en lo que hace al sacramento de la comunión, que llevaron a una separación centenaria entre la iglesia luterana y la protestante reformada inspirada en Calvino.

En realidad son disputas que ya no importan. En la época nazi y en los campos de prisioneros de la guerra los cristianos se unían ecuménicamente y no se cuestionaban quién era luterano o quién era protestante o católico. De este período de represión surgió un nuevo espíritu ecuménico. Y espero que se mantenga.



Calvino se convirtió en un precursor de la industrialización y del capitalismo. En el fondo, subyace la idea calvinista de que el éxito económico de una persona tiene que ver con su ser elegido por Dios. Fue sobre todo el sociólogo Max Weber que se remitió a Calvino. ¿Qué diría Calvino hoy sobre nuestro sistema económico?

Él lo condenaría despiadadamente. Tres veces impidió Calvino el establecimiento de un banco italiano en Ginebra; se oponía también a la imposición de intereses desmesurados. Además Calvino le pedía a la gente que pusiera sus posesiones a disposición de los pobres y de los refugiados. Uno podría del mismo modo demostrar que el calvinismo está en la base del espíritu del socialismo. Recién en el siglo XVIII y XIX la gente se empezó a fijar en su cuenta bancaria, para ver si serían o no escogidos por Dios.



Sin embargo, con argumentos teológicos Calvino exigía una rígida autodisciplina y diligencia. Cosas que a cualquier empleador le encanta escuchar.

Pero eso no tiene nada que ver con que una persona sea elegida por Dios. Para Calvino el ser humano es eternamente reconocido y amado por Dios. ¿Por qué una persona tendría que lograr ser reconocido a través de sus buenas obras y de sus ahorros? Para Calvino, el espejo de la elección es Cristo. Al mirar a Cristo, puedo estar seguro de haber sido escogido, no al mirar mi cuenta bancaria o al recibir pagos por bonificaciones.



¿Eso significa que Calvino fue injustamente tomado como testigo principal del capitalismo?

Exacto. Históricamente se ha demostrado esto contra Max Weber.



No es fácil seguir hoy la doctrina de la predestinación de Calvino. Según Calvino, el ser humano está predestinado, sin tener en cuenta sus propios méritos, a la bienaventuranza, o a su condenación. Eso no suena muy consolador.

Su doctrina de la predestinación fue siempre presentada como especialmente mala. Eso sin embargo no es correcto. El pensamiento de Calvino consiste en que la creencia no es sólo una decisión propia. Es, en primer lugar, una decisión de Dios.



Quien resulta escogido, a él Dios no lo deja caer. Pero Calvino se preguntó por qué la palabra de Dios suscita en algunos fe y en otros falta de fe. Y ahí dijo: el creyente cree, porque es escogido. Entonces el no creyente ha de estar condenado. Pasado este punto, Calvino no avanzó más. Porque en realidad él creía que todos han sido elegidos a escuchar la palabra de Dios.

Recién (el teólogo suizo) Karl Barth solucionó el problema cuando dijo: En la figura de Cristo Dios asumió él mismo la reprobación de los pecadores, para así ofrecerles a todos los seres humanos su gracia. Entonces hay un condenado, que es Cristo, que asume la reprobación de todo el género humano. Eso también me convenció a mí.


¿Qué haría Calvino, si viviera aquí y ahora?

Hoy Calvino estaría, supongo, entre los verdes. Siempre dijo que el Espíritu Santo ya se había volcado enteramente sobre toda la creación y es él quien sostiene a todo en vida. Calvino desarrolló unas ideas sobre la creación que recién hoy volvemos a recoger.

Tomado de: www.contrapunto.com.sv

sábado, 1 de agosto de 2009

Calvino y la responsabilidad frente a la creación de Dios

Entre los críticos de Calvino últimamente también se han unido teólogos que abordan los desafíos de la crisis ecológica. Sin grandes investigaciones se sostiene que Calvino es uno de aquellos teólogos cuyos intereses se enfocan únicamente en los seres humanos y su vocación, y que habrían perdido de vista el horizonte de la creación en su totalidad. ¿Calvino como una lúgubre antítesis de Francisco de Asís? Ninguna otra afirmación podría ser tan equivocada. Al mirar más de cerca se demuestra, sin embargo, que Calvino abogó por una comprensión de la creación y principalmente por el papel de los seres humanos en la creación, que también en la actual situación inesperadamente continúa siendo relevante. Cierto es que la crisis ecológica no estaba en su horizonte, pues en su época la ceguedad e imprudencia de los seres humanos hacia la creación no había alcanzado las actuales dimensiones. La responsabilidad por los dones de la creación de Dios es parte integral de su mensaje, ya sea se trate de Dios o del ser humano, él siempre incorpora también el tema de la creación. Nada es más ajeno a Calvino que la idea de que la humanidad estaría llamada a construir ‚su propio mundo’ a costo de la naturaleza.

La gran obra de arte de la creación
Así como no se puede contemplar al ser humano en forma separada de Dios, éste tampoco se puede contemplar separadamente de la creación. Dios, que creó el ser humano y con el que mantiene una relación indisoluble, es el Creador de todas las cosas. El ser humano es parte de esta creación y experimenta su dependencia de Dios en la creación que lo rodea.
Inmediatamente al inicio de la Institución de la Religión Cristiana, Calvino ya afirma que la gloria de Dios resplandece en la creación (Inst. I,5, título), la cual es en cierta forma un espejo donde es posible contemplar a Dios, que de otro modo es invisible. La creación despliega la gloria de Dios, Calvino siempre la denomina como theatrum gloriae Dei. La creación es una obra de arte que tenemos que contemplar con asombro y respeto, en ella todo tiene un orden perfecto. Principalmente sobre el sol Calvino se explaya ampliamente: “No hay entre todas las criaturas virtud más
noble y admirable que la del Sol. Porque, además de alumbrar con su claridad a todo el mundo, ¿cuál no es su poder al sustentar y hacer crecer con su calor a todos los animales, al infundir con sus rayos fertilidad a la tierra, calentando las semillas en ella arrojadas, y luego hacerla reverdecer con hermosísimas hierbas, las cuales hace él crecer, dándoles cada día nueva sustancia hasta que lleguen a echar tallos; y que las sustente con un perpetuo vapor hasta que echen flor, y de la flor salga el fruto” (Institución de la Religión Cristiana I.16,2).

Dios continúa obrando en su creación
Calvino no solamente alaba el primer acto de la creación, sino que el continuo obrar de Dios en el universo, Él no cesa de obrar en su creación. La obra maestra que creó es gobernada por Él (Institución de la Religión Cristiana I.10,2), nada ocurre por azar, todo es obra de la Providencia de Dios. El cambio de las estaciones del año, la lluvia, la fertilidad de la tierra provienen de su mano, y también el curso de nuestra vida humana lo determina su Providencia. Efectivamente sin la intervención de Dios ni siquiera podría caerse un cabello de nuestra cabeza, todo aquello que los seres humanos sean capaces de lograr es al fin y al cabo obra de Dios. Sea si trabajamos duramente, todo lo que realicemos es gracias a Su obrar, sin Su bendición se desbaratarían todos nuestros esfuerzos.
Esta perspectiva de la presencia activa y directa de Dios es difícil de comprender en la actualidad, sin embargo, para Calvino es fundamental. Con cada paso que el ser humano emprende se encuentra en manos de Dios, dando como resultado un sentido de la vida en el que nuestra relación con la creación también trae consecuencias. En todo lo que nos sucede, Dios nos está hablando. Pareciera que la creación siguiera sus propias normas, no obstante, está sometida a Dios, es Él quien al fin y al cabo nos guía.
Nuestra dependencia de Dios es evidente en el hecho de no poder prescindir de alimento, el cual no surge por si mismo, sino que son los dones de Dios que Él continuamente nos ofrece. El ciudadano no se equivoca: el pan que compramos también es don de Dios, y Dios obsequia abundantemente, la tierra está dispuesta de tal forma que todos obtienen lo necesario, Su cuidado también se extiende a los animales. „En su gracia y generosidad absoluta también alimenta a los animales, pues Dios no sólo provee aquello que los seres humanos necesitamos para vivir, sino que por su naturaleza generosa y por no necesitar una exhortación ajena, en su bondad también provee alimento para los animales.“

¿El ser humano como centro de la creación?
Es cierto que Calvino consideraba al ser humano como centro de la creación “Sabemos que el mundo ha sido creado para el hombre”, señala (Institución de la Religión Cristiana I.16,6). Sin rodeos denomina al ser humano como la superior de todas las criaturas, el ornamento más digno y valioso de la tierra. Sin embargo, la creación no le fue confiada al ser humano para su simple ‚utilización’, la comprensión de Calvino respecto a la naturaleza y sus recursos no es utilitaria. La creación debe motivar en primer lugar nuestro agradecimiento, Dios creó la tierra para nuestro regocijo: “¿Pensamos que el Señor ha dado tal hermosura a las flores, que espontáneamente se ofrecen a la vista; y un olor tan suave que penetra los sentidos, y que sin embargo no nos es lícito recrearnos con su belleza y perfume? ¿No ha diferenciado los colores unos de otros de modo que unos nos procurasen mayor placer que otros? ¿No nos ha dado, finalmente, innumerables cosas, que hemos de tener en gran estima, sin que nos sean necesarias?” (Institución de la Religión Cristiana III, 10,2).
La posición privilegiada del ser humano sin duda también significa una cierta aspiración de dominio, lo que de ningún modo conduce a un acceso sin restricciones en el manejo de la creación. Justamente por el hecho de que el mundo fue creado para el ser humano, éste también porta una especial responsabilidad frente a él.
Y ante todo, el ser humano debe estar conciente de que este mundo no representa para él más que un lugar temporal, es decir, habita aquí en la esperanza de la vida futura. El corazón del cristiano está orientado de tal modo al futuro de Dios, que involuntariamente surge una distancia de este mundo. En cuanto tomemos conciencia del significado de la vita futura, ya no le concederemos a este mundo el mismo significado. „La gracia de Dios se ha manifestado para salvación de todos los hombres, enseñándonos que renunciando a la impiedad y a los deseos mundanos, vivamos en este siglo sobria, justa y piadosamente, aguardando la esperanza bienaventurada y la manifestación gloriosa de nuestro gran Dios y Salvador, Jesucristo” (Inst. III.7,3).
Esta orientación en la vida futura también tiene consecuencias en la relación con la creación, sin conducir al desprecio de lo terrenal - Calvino siempre se opuso a ello - ésta libera de la obsesión por bienes materiales y pone el fundamento para una vida ‚sobria, justa y piadosa’ en este mundo.

Dios provee abundantemente, pero para un uso prudente
Dios es generoso, los dones de la creación están a nuestra disposición en forma abundante, lo que no significa que deban despilfarrarse o derrocharse. Debido a que son dones de Dios, poseen un valor incalculable y exigen un trato cuidadoso, mediante la forma en que los utilizamos estamos honrando al Creador. Al igual que la codicia por obtener más y más, la avaricia o el acaparamiento, el despilfarro (gaspillage) también es un pecado. Puesto que recibimos lo que inicialmente no nos pertenece, al manejar los dones en forma deliberada estamos ofendiendo al que nos provee. „A Adán se le encomendó el cuidado del jardín para mostrarnos que las cosas que poseemos nos las confió Dios, bajo la condición que le diéramos un uso moderado y sobrio y seamos cuidadoso con lo restante.“ El despilfarro es también condenable porque priva a nuestro prójimo de los dones que también le corresponde, Calvino mismo vivió modestamente.
Calvino aprueba la capacidad del espíritu humano para crear nuevas cosas, Dios mismo le concedió este don a los seres humanos y le es permitido usarlo. „El espíritu del ser humano es un maravilloso taller que inventa esto y aquello, y como la experiencia lo demuestra, no tiene mesura ni fin.“ Calvino, sin embargo, no se da por satisfecho con esta afirmación, la pregunta decisiva para él es a qué propósito atiende el ingenio humano. La innovación no debe conducir a romper el orden de la naturaleza, la vida humana debe caracterizarse por la modestia y sencillez. Calvino rechaza la producción innecesaria, „pues lo superfluo aumenta permanentemente…. vean entonces a lo que las personas se abandonan: a sus deleites y alegrías, a su suntuosidad y presunción y a todo lo que les parece gracioso y codiciable.” Se debe poner límites al afán por nuevas invenciones, tenemos que „darnos por satisfechos con el uso modesto, así como nuestro Señor nos lo brinda”.

Se exige respeto en primer lugar por la tierra y el suelo. El suelo debe cultivarse, por tanto, en forma cuidadosa y prudente, pues no solamente nos presta utilidad a nosotros, sino también a nuestra descendencia y por ello no se le debe explotar excesivamente. „Que aquellos que poseen un campo, cosechen los frutos de tal manera que el suelo no sufra daños por negligencia de éstos. Que traspasen la tierra a sus descendientes así como la recibieron o incluso en mejor estado… más aún: que reine entre nosotros la responsabilidad y cuidado frente a todas las buenas cosas que Dios nos da, de manera que cada uno en todo lo que posee se entienda como mayordomo de Dios. Así nadie se comportará en forma desmesurada y estropeará por abuso cosas que Dios desea conservar.”
Con este trasfondo, Calvino también comprendía la disposición del año del jubileo del Antiguo Testamento, respecto al cual plantea las siguientes reflexiones: „Según la fertilidad o riqueza de cada región, se deja reposar los campos cada tercer o cuarto año para que su savia y humedad no se agoten. Ciertamente, una fertilidad en la que los campos traigan frutos sin interrupción, es casi imposible de encontrar. Por ello, se debe dar reposo y descanso a los campos para que recuperen su fuerza y sustancia.“

La importancia perdurable de Calvino
¿Cuán relevante es el testimonio de Calvino hoy en día? ¿Qué nos plantea respecto a la actual crisis social y ecológica?
1. Cumplir con la voluntad de Dios. Calvino no es ni el ‚padre de la modernidad’ ni tampoco el ‚tirano hosco’ que subyugó la ciudad de Ginebra. Lo que en realidad lo impulsa es el esfuerzo por subordinar la vida actual a la voluntad de Dios. El ser humano está destinado a vivir bajo la subordinación de Dios, pues únicamente sometido a Él es en todo sentido ser humano. Calvino estaba conciente de los cambios que marcaron su época e identificó con claridad los nuevos desarrollos que habían surgido. Su preocupación, sin embargo, era dominar estos adelantos de acuerdo al fin y voluntad de Dios. Calvino se ve ante seres humanos capaces de nuevo autodesarrollo, sin embargo, en su opinión el autodesarrollo como separación de Dios sólo acarrea desgracia. La pregunta decisiva es cómo se santificará y glorificará el nombre de Dios en medio de las transformaciones de la época. La espiritualidad de Calvino consiste en plantear radicalmente esta pregunta. Calvino habría luchado determinantemente contra cualquier sistema que aceptara las injusticias sociales como hecho, y de la misma manera, cualquier sistema que degradara la creación de Dios a objeto y que permitiera su explotación a través de los seres humanos.
2. Límites del autodesarrollo humano. Principalmente la comprensión de Calvino sobre el ser humano es determinante, volcándose con toda firmeza en contra de la idea que el ser humano se autodetermine y esté llamado a autodesarrollarse. Dios le da espacio al ser humano, lo hace rico antes de nacer, según señala la Biblia. El ser humano puede y debe desarrollarse en este espacio, pero queda radicalmente subordinado a Dios, es decir, es dependiente de Dios el Creador y simultáneamente de la creación en el que Dios lo ha puesto, además, debe darse por satisfecho con lo que Dios en su bondad le brinda. Calvino llama a los seres humanos de hoy en día a retornar a la mesura que Dios les ha ordenado.
3. El testimonio del Antiguo Testamento. El hecho de que Calvino volviera a abordar el Antiguo Testamento como ningún otro reformador, es de extremada importancia para nuestro tema. A pesar de su concentración en la vida, muerte y resurrección de Cristo, su pensamiento también está marcado en gran medida por los conceptos del Antiguo Testamento. Sólo se piensa en su positiva valoración del mandamiento del sabat, sin embargo, para él también es familiar lo que el Antiguo Testamento señala sobre la creación, la tierra, el suelo y la fertilidad. El vínculo a la tierra, característico del testimonio veterotestamentario, se perdió ampliamente en la tradición cristiana, lo que el Antiguo Testamento relata en cuanto al suelo y la fertilidad se espiritualizó tempranamente. Los mandamientos del Antiguo Testamento respecto al trato del suelo se desvanecieron gradualmente o fueron traspasados a lo espiritual. El mérito de Calvino es haber transmitido el pensamiento veterotestamentario en forma renovada a la iglesia cristiana. La sujeción de Israel a la tierra y la dependencia del ser humano del Creador son los pilares fundamentales de su teología y práctica.

Prof. Dr. Lukas Vischer, Ginebra
Traducción del texto original en alemán
Tomado de www.calvin09.org

Pueblo del Señor - Canción lema

Pueblo del Señor
(Salmo 78:1-7)

Pueblo del Señor, escucha su voz,
palabras de ayer, alegran la fe.

Lo que oímos y sabemos,
a nuestros hijos contaremos,
milagros del Dios de la Vida,
cantemos con voces unidas.

Su preciosa ley y su gran poder,
canta con amor, desde el corazón.

De generación en generación
su paz y verdad, tú compartirás.

Tiempo es de confiar, Dios te sostendrá.
Su amor es poder, que anima la fe.

Letra y música: Greg Scheer (Estados Unidos de Norteamérica)
Trad al español: Gerardo Oberman (Iglesias Reformadas en Argentina)

Pueden acceder a la melodía y a la partitura en el siguiente enlace:
http://www.calvin09.org/materialpool/hoeren/materialpool-hoeren.html&lang=4

viernes, 17 de julio de 2009

El gobierno y la política


El gobierno y la política
Karl Barth
Traducción de Rubén J. Arjona Mejía

La última sección de la ética de Calvino se refiere al gobierno político. Quiero tratar este tema más profundamente por dos razones, por su significación, y más aún, porque en esta área en particular encontramos, con claridad especial, la unicidad teológica de Calvino. Primeramente, echemos un vistazo al marco de pensamiento desde el cual Calvino decidió tratar, en un manual didáctico, lo que era entonces un asunto peligroso, es decir, la relación entre Cristianismo y política. Es importante que tengamos claro esto para que podamos evaluar con justicia el contenido sorprendente de esta sección última de su obra. Mantengamos en mente los siguientes puntos de vista.

1. Como abogado Calvino era un experto en la materia. Aquí, más que en ninguna otra parte, esperaríamos que esto fuese evidente a partir del conocimiento expuesto y de los temas que le ocupan. Sin embargo, cuando leemos esta sección sufrimos cierta decepción en este sentido –si resulta placentero o no, es un tema aparte- por lo menos en tanto que no trata ningún asunto que no resulte estrictamente relevante en esta área de su especial conocimiento, o bien, porque no expresa pensamientos que no pudieran ser entendidos aun por los que no tienen ninguna formación jurídica. La razón de esto no es que hubiera olvidado su conocimiento jurídico; posteriormente, en Ginebra, dio una amplia demostración y mostró que sabía hacer buen uso de estos recursos en determinados casos.
2. No cabe duda que Calvino escribió esta última sección de su libro con un interés material específico. No era un monje recién salido del claustro que se daba cuenta que había tanto un gobierno secular como uno espiritual, de tal forma que para bien o para mal tuviera que luchar con esta ajena realidad. Calvino era un hombre del mundo que ciertamente había investigado los asuntos de la vida pública –si la anarquía era buena o mal, la mejor forma del estado, si la revolución y el tiranicidio era permisibles- antes de tratar el tema desde el punto de vista del NT. Debemos recordar con qué profunda habilidad y gusto participó toda su vida en la alta política, incluso la más alta. De hecho, aunque no en forma, fue estadista y pastor no sólo de Ginebra, sino también de su congregación internacional. En un simposio recién organizado bajo el título Los maestros de la política (Stuttgart and Berlin: Deutsche Verlagsanstalt, 1922) Calvino es el único teólogo representado, y en una brillante descripción, H. von Schubert se aventura a compararlo con Napoléon. Hoy bien podríamos imaginarnos a Calvino como un lector asiduo y escritor de periódicos; los políticos modernos de todos los partidos y países probablemente aprenderían algo de él. Pero si esperamos encontrar algo de su gran habilidad e interés en esta sección, otra vez, nos veremos decepcionados. Sus pensamientos acerca del gobierno, la ley y la sociedad, como las expresa aquí, son probablemente más claras y precisas que las de muchos teólogos que entonces se ocuparon de tales asuntos, pero no nos muestran más del estadista. Calvino impuso deliberadamente una cuña a su interés y a su conocimiento.
3. Sin duda, a este campo como al de la iglesia, aportó intuiciones y metas específicas, así como conocimiento y preocupaciones. Detrás de su exposición de las diferentes posibilidades y requisitos de la vida pública, está no sólo un conocimiento exacto del tema, y no sólo una atención abstracta a lo que ocurre ene este teatro, como nosotros la tendríamos si no tenemos compromiso alguno con el dogma de algún partido, y precisamente por ello, nos vemos forzados a jugar el rol frustrante de los que solo miran. Como pronto se evidenciaría en Ginebra, Calvino tenía ideas específicas de lo que quería, ideas muy específicas; por ejemplo, de la mejor forma de gobierno (él fue un republicano aristócrata), de la ley civil y penal, de la situación y demandas de Europa, y aun de las relaciones y posibilidades económicas. En tales asuntos fue todo menos un idealista mundano; fue sumamente pragmático. Para mencionar solo una cosa, durante buena parte de su vida se lanzó en cuerpo y alma, y gastó sus energías, en una lucha contra las políticas de Berna; y en su lucha, ¡sabía como alcanzar lo que quería y necesitaba! Pero en la Institución no encontramos señales, casi ninguna señal, de que quisiera algo, ni siquiera en las ediciones posteriores que se publicaron en medio del calor de los conflictos. Puede desarrollar el más candente de los temas políticos sin jugar a la política (ni con pistas) en una sola línea; sin argumentar a favor de lo uno o de lo otro. Entre más cerca lo examinamos, más claramente nos damos cuenta de que no hay decisiones específicas en temas particulares; las preguntas quedan abiertas, que, aunque lo lamentemos, no asistimos a un curso específico en política calvinista. Si a una persona sin compromiso alguno le fuera dada esta sección para leer sin que supiera quién es su autor, a tal persona le sería difícil identificar al hombre, al que no injustamente, ha sido llamado un padre, si no es que el padre, del ideal político y económico de la democracia liberal de Europa Occidental, pero más probablemente vería aquí a un legitimista de Alemania del norte que es suficientemente perspicaz para ver más allá de su legitimismo. ¡Que dominio propio debió tener este autor, o, mejor dicho, que bien controlado por otro interés, para que, al dar instrucción de la religión cristiana, fuera capaz de no decir lo que él, Juan Calvino, en realidad añoraba decir con todo fervor de corazón y con toda la brillantez de su mente!
4. Finalmente, debemos recordar qué tanto la predisposición y el empuje de toda la teología de Calvino nos hacen esperar que tendría que ofrecer aquí un argumento pleno y aterrizado. ¿Acaso no intentó la síntesis entre los conocimientos divino y humano? ¿No intentó complementar la sístole luterana con la diástole reformada? ¿No insistió firmemente en la justificación por la fe, y al mismo tiempo, como un eticista, mantuvo ambos pies firmemente sobre la tierra, y, por lo tanto, buscó aplicar la intuición de la Reforma (como crisis) al problema horizontal de la Edad Media y de nuestro tiempo?¿Por qué, entonces, no hay programa alguno de un estado teocrático o de un socialismo cristiano? ¿Por qué, por lo menos, no nos tranquiliza con un intento por derivar del evangelio un camino para articular la vida y el mundo en congruencia con el evangelio, y, por lo tanto llevarnos a la meta a la que con cierta impaciencia queremos ser conducidos cuando alguien asume la tarea de darnos instrucción sobre la religión cristiana? ¿Acaso no es esta la debilidad añeja de la teología y de los teólogos, que en el preciso momento en el que esperamos rediman la promesa que desde tiempo atrás nos han dado y nos han dicho: “Has esto y no hagas esto por tales y tales razones,” nos dejan plantados otra vez sobre la base de un fresco pretexto dialéctico? ¿Por lo menos, a partir de algunos escritos acerca del Calvino y el calvinismo, no buscaríamos mejores cosas en él?

Sí, tenemos aquí una debilidad de la teología, por lo menos de la teología protestante, si es que queremos llamarla una debilidad. En lo personal yo diría, desde luego, que es una iniciativa de la teología protestante y reformada que la distingue de las teologías medievales y modernas, que ella no puede ni hará otra cosa que dejarnos con el predicamento, o, más bien, que nos dejará claro que la palabra final: “Haz esto o no hagas esto,” debe, desde luego, ser dicho (el “debe” es específicamente reformado), pero que puede ser dicho sólo por Dios mismo y por su Palabra. ¡Si la teología reformada, al referirse a la ética, quisiera que las cosas fueran diferentes, esto significaría apostasía de la Reforma! Aquellos que buscan un programa, o simplemente un sistema de direcciones en la instrucción cristiana deben voltear a Tomás y no a Calvino. (Anteriormente expliqué que nosotros, los protestantes modernos de todas corrientes, nos llevaríamos mejor con Tomás que con Calvino). Añorar los caminos suaves y bien iluminados del catolicismo romano medieval es una emoción muy comprensible, y por cierto, está muy viva entre nosotros los teólogos protestantes para que nos ofendamos cuando otros nos acusan de dejarlos plantados en el punto más álgido de nuestras exposiciones. Pero no somos nosotros quienes lo hacemos. Es la Reforma la que nos deja plantados en el momento que pensamos: ¡Eso es! O mejor dicho, nos deja al amparo de Dios. Nos muestra claramente que todo lo demás que ha sido dicho sólo constituye una experiencia que nos ayuda a eliminar cualquier otra posibilidad de salvación; nos deja en el punto en el que debemos entregar –nuestra conciencia, nuestras intuiciones y nuestra voluntad- a Dios.
No debemos esperar nada más de Calvino, ni siquiera en su ética; de lo contrario no sería Calvino, sino Tomás, o Bernardo de Clairvaux, a quienes, por cierto, estuvo relacionado en algunas maneras, aunque no debemos perder de vista que esto ocurrió bajo un signo cambiado, es decir, con el conocimiento reformado de Dios, con la teología de la cruz que es también el punto de su ética. Todo se vuelve totalmente diferente en él. Por ende, no puede ser que en sus síntesis él busque, ya sea pacífica o violentamente, apuntar hacia un camino de la tierra al cielo, o aun del cielo a la tierra, como si las líneas paralelas estuvieran por encontrarse en una esfera finita. No. Dios sigue siendo Dios y nosotros seguimos siendo humanos. Calvino experimentó esta antítesis, o por lo menos la expresó y la enfatizó, mucho más agudamente que Lutero, y, por lo tanto, desarrolló mucho más precisamente que Lutero la tesis de que Dios es nuestro Dios, el Dios de gente real que vive en un mundo real, que no hay manera de huir de su presencia hacia otro mundo, que no hay mundo alguno que aun en su estado actual, no sea el mundo de Dios, que precisamente en este mundo nos mantenemos bajo el mandamiento de Dios. Todavía bajo el mandamiento de Dios. El peso que ha sido puesto sobre nosotros por el hecho de que Dios es el Señor que emite los mandamientos, no nos puede ser quitado por nadie, ni siquiera por un buen abogado cristiano, no importa que tan grande pudiera ser su interés político o qué también supiera lo que quiere. Si alguien nos quitara este peso, aun si fuera un ángel del cielo, si con gratitud exaltáramos a aquel ser celestial como el ser que finalmente, por fin nos trajo claridad y nos dio directrices, ese ser sería el más peligroso y abominable engañador.
Calvino no fue un engañador de ese tipo. No fue el Gran Inquisidor de Dostoyevsky. Con frecuencia puedo parecerlo. En lo personal algunas veces he pensado que él fue más peligroso que todos los papas y generales de la orden jesuita juntos, porque, bajo el signo de la Reforma, estaba haciendo el trabajo del peor tipo de contra reforma. Pero precisamente la cosa sorprendente en esta última sección de la Institución nos muestra que, si nada lo ha hecho, que él no era un engañador; conocía mejor que otros la tentación del Gran Inquisidor y, desde luego, la preocupación válida que tenía al respecto. Es por esto que no establece ningún estado cristiano, socialismo cristiano o un código cristiano civil o penal, aunque, desde luego, no le faltan ideas y planes en ese terreno, y más aún, cuando el tiempo le llegó, no sólo de enseñar, sino simplemente de vivir, él echaría mano de importantes experimentos en esa dirección, no sólo como meramente legítimos, sino en calidad de mandatos divinos, y, por esta razón, habría de conducirlos con un éxito histórico incomparable.
Ayer vimos cómo Calvino no hacía excepción alguna en su criticismo de todo poder eclesiástico que no tenga la fuerza misma de la Palabra de Dios, aunque esabía bien lo que quería en este campo y lo buscó y alcanzó (disciplina eclesiástica). El punto decisivo es, sin embargo, que, fundamentalmente, él ubico el contenido de su voluntad, lucha y conquista –que además fue específico, bien meditado y verdaderamente importante- en un nivel muy distinto, en el que, desde luego, Dios tiene que ser oído y obedecido, pero en el que también la imbecilidad humana gobierna, en el que cara-a-cara con la eterna majestad de Dios no puede haber eternidades humanas, en el que, como dijimos ayer, la serpiente de bronce que Moisés levantó puede ser destruida otra vez por orden del mismo Dios. La voluntad y la lucha humanas, aun cuando sean obedientes a Dios, y especialmente entonces, tiene que tener un contenido específico. No podemos obedecer a Dios sin desear o buscar algo, esto o aquello. Pero lo que nosotros los humanos deseamos y luchamos por conseguir, aunque sea algo importante y significativo, aunque fuere la ciudad misma de Dios, siempre se mantiene como tal ante la sombra de la relatividad de todo lo humano. Ni puede ni debe convertirse en tema en la instrucción de la religión cristiana para que no adquiera la fuerza de una nueva forma de esclavitud de conciencia. Esta instrucción, si ha de permanecer pura y verdadera, puede sólo proveer una base para la posibilidad de lo que puede y debe ocurrir en el lado humano en obediencia a Dios, a la distancia infinita de la creatura del Creador, y, sin embargo, también con una visión del Creador. No puede proveer una base para la realidad. Pues esta realidad siempre es humana, temporal, de este mundo. Si Dios, en su misericordia la acepta como algo agradable a él, ese es asunto suyo. Pero nosotros ni podemos ni debemos creer que vamos a lograrlo, como si nosotros fuéramos los que decidiéramos. El no hacer esta distinción es un rasgo de la teología católico romana. Vuelvo a decir que tal vez estaríamos mejor si no tuviéramos que hacer esta distinción. Pero Calvino sí la hizo. Por eso su absoluto silencio precisamente en lo que nos causa más curiosidad. La síntesis de Calvino es la síntesis entre Dios en su majestad y nosotros en nuestra imbecilidad, entre el Dios santo y los pecadores. ¡Ninguna otra! En virtud de que somos teólogos protestantes, debemos, de alguna manera, aceptar esto.
Analicemos ahora, brevemente, el contenido de esta última sección. Recordaremos que en la segunda sección de la ley eclesial, en la que por cierto no nos da ninguna ley, él usó el título “Libertad cristiana”. Estas palabras por sí mismas nos dicen todo. Calvino quiere que aquellos que están siendo instruidos pongan lo pies en la tierra. Desde luego, quiere contestar la pregunta: ¿Qué haremos? Pero él sólo puede dar su respuesta en el marco de la libertad cristiana. Recuerden que “libertad” es la palabra clave con la cual Dostoyevsky distingue a Cristo del Gran Inquisidor. Lo único que está en disputa es que debemos ser forzados a una situación en la que somos llevados a Dios, y, por lo tanto, libres, que debemos ser liberados de las ilusiones que pueden mantenernos cautivos y lejos de la libertad.
Por lo tanto, el propósito de Calvino en esta sección no es, como pudiera parecer, el de fundar o establecer el estado ideal. Como lo hizo anteriormente, cuando discutió el tema de la iglesia, su propósito es mostrar cuál es la voluntad de Dios en los órdenes existentes, ¡con el énfasis puesto no en los órdenes existentes, como sería en una visión conservadora, sino en la voluntad de Dios! No puede haber libertad cristiana sin sumisión a la voluntad de Dios. Los derechos del gobierno y la ley, así como el deber de los ciudadanos de obedecer, emergen sólo a partir de la libertad cristiana. Pues en el gobierno y en la ley encontramos el orden de Dios que particularmente los cristianos no deberían nunca evitar.
El enemigo con el que Calvino lucha aquí es el punto de vista de los radicales de que la salvación implica la reforma total del mundo, lo cual implica dejar a un lado a un gobierno y a una ley imperfectas. Para Calvino esta visión está tan mal que ni siquiera se preocupa por expresar su propia preocupación por un mejor gobierno y una mejor ley. Debemos evitar esta “ilusión judaica” que haría del reino de Cristo parte de este mundo. No debemos fundir con este mundo aquello que no pertenece a él, sino que debe seguir su propia lógica (ratio). Así como son diferentes el alma y el cuerpo son diferentes el reinado espiritual de Cristo y el orden civil. La libertad espiritual es verdaderamente incompatible con la sujeción política. Nuestra condición humana y las leyes nacionales bajo las que vivimos no cuentan, pues el reino de Cristo no consiste en tales cosas. Así lo dice el padre de la democracia moderna, ¡el hombre para quien en realidad no fue un asunto indiferente el hecho de tener que seguir viviendo bajo las leyes de la vieja Ginebra! Pero esa preocupación se une a otra, que en nuestro deseo por tener mejores leyes humanas no debemos nunca olvidar o despreciar la ley de Dios que está presente siempre y en todos lados.
¿Acaso esta distinción hace del orden civil objeto de indiferencia y desprecio? ¡De ninguna manera! Ese orden es una cosa diferente del reino de Cristo, pero no está en contradicción con él. El reino celestial comienza desde aquí con el reino de Cristo en nosotros, y en esta vida mortal y perecedera, tenemos, por lo tanto, un prospecto de bienaventuranza inmoral e imperecedera. El punto, pues, del orden civil es integrar nuestra vida, mientras vivamos con otros, para formar la sociedad humana, para darle a nuestra vida un marco de justicia, para hacernos responsables los unos de los otros, para nutrir y apreciar la paz y la tranquilidad. Todo ello será superfluo cuando el reino de Dios, que ahora permanece escondido en nosotros, ponga fin a la vida presente. Pero si bien es cierto que la voluntad del Señor es que andemos como peregrinos esperando nuestra verdadera casa, nuestro peregrinaje demanda instrumentos de ese tipo, y despojarnos de ellos sería despojarnos de nuestra humanidad.
Noten aquí el doble significado del término “humanidad” (humanitas). En primer lugar denota nuestro peregrinaje terrenal lejos de nuestra verdadera casa, y, por lo tanto, algo no menos imperfecto que necesario. Pero esta cosa imperfecta y necesaria es la voluntad de Dios bajo la que permanecemos aquí y ahora. No debemos tratar de evadirla aunque veamos cuán superfluas serán estas ayudas cuando nuestro peregrinaje llegue a su fin, cuando no haya más aquí y ahora, cuando el reino de Dios ponga fin a nuestra vida presente. ¡Qué falta de discernimiento denotamos cuando tratamos de evadir esta relativa voluntad divina que es válida aquí y ahora! Como si no fuera simplemente una barbaridad (immanis barbaries) dar rienda suelta al mal en virtud de algún sueño de una perfección que ya es posible.
Calvino entonces procede a enlistar todo lo que implica el orden civil: primero, simplemente, ver porque la vida sea posible; luego ver que no haya idolatría, ninguna blasfemia en contra de la verdad de Dios, ninguna ofensa en contra de la religión pública; que la paz pública no sea alterada; que la propiedad de todos sea protegida; que las transacciones reguladas entre personas sean posibles; que el culto cristiano sea ordenado; y otra vez, sin ambivalencia alguna, alcanzar la humanidad entre nosotros. Calvino pide disculpas por hacer del cuidado de la religión un asunto político cuando en verdad está fuera de la esfera de la competencia humana. Preferiría no hacerlo, pero su preocupación es simplemente proteger la verdadera religión de la calumnia pública y el escándalo. Aquí, obviamente, estamos al nivel de consideraciones relativas; Calvino mismo lo señala. Nosotros no debemos nuestras vidas a las autoridades sino a Dios. Dios no necesita que el estado lo proteja a él y a su verdad. La propiedad privada y el libre comercio no son asuntos de importancia suprema. La humanidad no es la llave que abre la puerta del cielo.
Naturalmente, no necesitamos que Calvino nos diga todo esto. Pero, ¿No podemos entonces afirmar que estos postulados, incluyendo una protección leal de la iglesia por parte del estado no tienen una justificación relativa? La seriedad de la situación humana fuerza a Calvino a decir que sí; su lado divertido le permite hacerlo. No debemos confundir la justificación que hace Calvino del estado con conservadurismo político, pues este mandamiento es válido sólo por un tiempo, y, tal como lo veremos, los detalles están basados sólo con base en el tiempo y el lugar, no en la institución divina.

¿Qué cantaba Calvino?


¿Qué cantaba Calvino?

Se había hecho muy sofisticado el asunto. En Roma se había fundado una escuela de niños – Gregorio los examinaba personalmente – que después de años de enseñanza esmerada pudieran consagrar su vida al canto eclesiástico. Los cantores instruidos salían de Roma y se dirigían a todas las partes de Europa Occidental. Aquellos primeros maestros establecieron escuelas en varios centros. Muy bien organizadas y estrictas casi no había participación de laicos, que con los años lograban la difusión del cristianismo por las diversas naciones pero quienes entendían el latín eran cada vez menos.
Los que primero rompieron esta barrera fueron los Hermanos Bohemios seguidos de Juan Huss, quien murió quemado en la estaca en 1415, en Alemania. Él creía que la gente debía participar en el canto de la iglesia y sus discípulos continuaron su obra y editaron en 1504 el primer himnario para uso congregacional. Pero el gran propulsor de la himnología congregacional fue Martín Lutero al dar la Biblia y el himnario en la lengua materna.
Juan Calvino, que había nacido 16 años después de Lutero, adhirió a la idea que la gente entonara las melodías populares pero con letras religiosas y en el idioma del pueblo.
En 1539 cuando Calvino estaba en Estrasburgo como pastor de los refugiados franceses había aprovechado 12 salmos de Marot y con otros pasajes bíblicos como los Diez Mandamientos, el Credo y el Cántico de Simeón, hizo una colección de 21 poesías religiosas: 1º himnario de uso congregacional en la iglesia reformada dirigida por Calvino. Clement Marot era un poeta de la corte de Luis XII que había publicado 30 salmos traducidos al francés.
Calvino le encargó al músico Loys Bourgeois que le pusiera una melodía a cada salmo y en la 1º edición en 1542 Calvino escribió: “las palabras expresadas por medio de la música pueden calmar el corazón y al entonar los salmos de David que dictó y creó el Espíritu Santo podemos estar seguros de que Dios pone las palabras en nuestra boca, como si fuese Él quien canta dentro nuestro”.
No será hasta 1561 que con la pluma de Teodore de Bèze se completó la metrificación de los 150 salmos, y las melodías en total 125, se completaron con la colaboración de un músico francés Claudio Goudimel.
La austeridad característica de Calvino y su convencimiento de que el canto debía ser puro y libre de distracciones o ideas confusas lo hacía cantar al unísono y sin acompañamiento instrumental, encabezando una reacción en contra de la música florida y las formas litúrgicas demasiado teatrales, dice el himnólogo Eduardo Ninde, y consiguió que ensayaran los salmos en las escuelas, de 11 a 12 hs cuatro veces por semana y luego en los cultos, los chicos, con sus voces dirigían a la congregación en el canto de melodías nuevas.
Un inglés que huyó a Ginebra para salvar su vida escribió: “La ciudad ofrece un espectáculo muy interesante cuando, en los días de semana, se aproxima la hora del culto. Tan pronto como se oye el primer tañido de la campana, se cierran todos los comercios, la conversación cesa, dejan de lado todas las transacciones, y de todas partes acude la gente a la iglesia más cercana. Cuando llegan, cada uno extrae del bolsillo un pequeño libro que contiene los salmos métricos, y luego la congregación canta antes y después del sermón”.
Calvino pudo ver la colección completa del Salterio Ginebrino sólo dos años antes de su muerte (1564), y tuvo una influencia impresionante en todo el mundo reformado en Suiza, Holanda, Hungría, los puritanos en Inglaterra, los presbiterianos en Escocia, los hugonotes en Francia y los bohemios y los moravos en Checoslovaquia, hasta en EEUU, donde por más de 200 años se cantaron sólo salmos.
Imaginen la revolución que fue en su momento que en ese año 1562 salieron ¡24 ediciones! en París, Caen, Lyon, Ginebra y otros lugares.
Pensar que los salmos no nacieron en un clima devocional sino en la corte de los reyes de Navarra, donde Marot tenía influencia. Lo curioso es que el 1º Sínodo Reformado se celebró allí, en Navarra, en 1563, hoy departamento de los Bajos Pirineos.
Cada vez que cantamos “Como el ciervo ansioso brama” estamos cantando la letra traducida del francés a nuestro idioma del original del salmo.
Cada vez que cantamos la doxología (444 de Cántico Nuevo), estamos cantando la música que originalmente era del salmo 134.
Nunca se dejaron de cantar, hasta el día de hoy, los salmos con otras melodías, pero asimismo, dos siglos después del Salterio Ginebrino, se afirmó la necesidad de enfatizar la centralidad de Cristo a través del canto y ampliarlo a la magnitud actual.

Lucas Millenaar
Tomado del boletín Noti-nos, de la Iglesia Reformada de Buenos Aires, Julio 2009